Resistência Arco-Íris | Dandarah-RISE

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Notícias

 

Homens Trans, Saúde e Prevenção Combinada

Hoje, 19/10 acontece o bate-papo com Educadore de Pares do ImPrEP, com mediação dos coordenadores comunitários para populações HSH e Trans e participação de especialistas e usuários de PrEP.

A Live será transmitida no facebook @imprepbrasil , às 19h

 

Xuxa é uma defensora da comunidade LGBTQIA+ (foto: reprodução/instagram @xuxameneghel)

Xuxa questiona falas de Flávio Bolsonaro sobre homofobia: “Quando vão parar de mentir?”

Por Patrick Monteiroqui., 30 de setembro de 2021 4:11 PM·

Xuxa Meneghel tirou alguns dias de férias nas últimas semanas, mas nem por isso está desatenta ao que acontece na política nacional. A apresentadora compartilhou um post que ligava a comunidade LGBTQIA+ com a família do presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido).

“Vem cá… Quando eles vão parar de mentir? Quando eles vão achar que nós não pensamos, lemos… Ô família! Vocês estão vivendo o mesmo mundo que nós? Homofobia está na televisão, nos púlpitos, nas ruas, depois de ter o apoio desse Governo..”, escreveu Xuxa no início do relato.

Veja a publicação da Xuxa em seu instagram:

encurtador.com.br/adFUW

 

Ela ainda comentou o uso da religião para reafirmar preconceitos. “A família tradicional chama o LGBTQIA+ de raça desgraçada... Em nome de Deus vocês estão julgando, matando diariamente pessoas. Vocês acham o que? Que mentindo muitas vezes a gente vai acreditar?”, continuou os questionamentos.

A eterna rainha dos baixinhos fez, mais uma vez, um pedido aos seus quase 12 milhões de seguidores. “E o povo que entrar no meu insta pra defender a tese que as pessoas não têm o direito de fazer o que querem com seus corpos, será bloqueado. Por tanto, me faça o favor, deixe de me seguir AGORA”, concluiu. Defensora da causa LGBTQIA+, há anos ela dá visibilidade à luta deste grupo de pessoas.

Fonte: Yahoo

link: encurtador.com.br/iwDFT

Família lesboafetiva (Foto: Reprodução/Internet)

Museu do Amanhã recebe famílias LGBT+ para lançamento de livro e homenagens a personalidades.

O evento será no dia 29 de outubro e acontecerá a partir das 14h30 no Museu do Amanhã (Praça Mauá 1)

PUBLICADO EM 26/10/2021 22:13POR KETRYN CARVALHO

Conforme reportamos várias vezes, a família homoafetiva é protegida por lei, tendo em vista que casais gays são titulares de direito. Para casais homoafetivos existem três opções para terem filhos: adoção, inseminação intra-uterina e fertilização in vitro. 

Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, Aliança Nacional LGBTI+, Associação Brasileira de Famílias Trans e Homoafetivas – ABRAFH e o Grupo Dignidade promoverão o ato “Por todas as famílias”. O evento será no dia 29 de outubro e acontecerá a partir das 14h30 no Museu do Amanhã (Praça Mauá 1), terá homenagem e falas de personalidades, ativistas e parlamentares. 

As famílias homenageadas são as do ativista Alexandre Castilho e sua filha Ana Luiza;  do estilista e ativista gay Almir França e família; da ativista e mãe Angélica Oliveira e filha; da ativista trans Darla Muniz e sua mãe; do casal David Miranda e Glenn Greenwald; do casal Diego Xavier e Murilo Correa, por ter sofrido diversas ofensas de pessoas na internet em razão de Campanha da Volkswagen; do Senador Fabiano Contarato e família, em razão dos ataques que vem sofrendo em relação a sua homossexualidade; do ativista Leonardo Peçanha e familia; da viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, atual vereadora do Rio; da ativista e mãe Patrícia Esteves; da artista visual e mãe Rafa Mon; do ex-presidente da Abrafh, ativista e advogado Saulo Amorim e filhos; Silvana Hedi Rodrigues Kovalewski e filhos; do ativista Théo Silveira e família; do Casal Toni Reis e David Harrad e feilhos, da ativista e advogada Amanda Anderson e mãe; e Thamires Nunes, autora do livro “Minha Criança Trans”, da ativista bissexual, adovogada e mãe Ana Paula Castro.

Na ocasião, também será lançado o livro “Família Harrad Reis: uma família de todas as cores e todos os amores”, quando Toni Reis e David Harrad, juntamente com sua filha Jessica e seus filhos Felipe e Alyson estarão presentes e contarão um pouco da história de sua família e receberão amigos e admiradores para autógrafos.

Fonte: Observatório G

Link: https://resistenciaarcoiris.ensp.fiocruz.br/administrator/index.php?option=com_content&view=article&layout=edit

 

 

No catálogo da Netflix, a série britânica Sex Education, que chegou a sua terceira temporada, faz sucesso trazendo pautas ligadas à sexualidade e ao sexo de forma leve e descontraída

Foto: Reprodução/Netflix

Por que falar de sexo e sexualidade desperta, ao mesmo tempo, interesse e ira?

Estudioso aponta que, embora esteja no dia a dia das pessoas, ainda há o desejo de silenciamento das pautas sobre temáticas sexuais

Por ALEX BESSAS01/10/21 - 03h00

“Que decadência”. “O autor disso vai pro inferno”. “Que matéria ridícula”. “Tá faltando conteúdo?”. “Desnecessária essa reportagem”. “Mídia suja!”. “Vocês querem converter adeptos”. “O responsável tinha que ser demitido”. Estes são alguns dos comentários colhidos em páginas de O TEMPO nas redes sociais em que, via de regra, seguidores reagem a publicações que abordam as temáticas da sexualidade e do sexo. Mais especificamente, tanto furor é desperto diante de assuntos tabus – como as possibilidades de novos arranjos afetivos, as diferentes formas de orientação sexual e o sexo anal e oral.

Curiosamente, a indignação pública, que parece revelar um desejo de silenciamento, foi seguida, em todos os casos analisados, por altos índices de leitura, um indicativo do anseio para que se fale mais desses assuntos.

Este foi o cenário que se desenhou após análise de dados estatísticos de de matérias que atraíram um enxame de comentários críticos – muitos dos quais ultrapassando o limite da opinião para se converter em ofensa gratuita. Em um paradoxo autoevidente, essas mesmas publicações, ficaram entre as mais lidas durante o dia da sua publicação. Um feito e tanto dado que essas reportagens disputavam audiência com outros diversos conteúdos. 

Esse padrão ambivalente – que, em alguns casos, podemos resumir como “xinga, mas lê” – vem sendo observado continuamente ao longo de aproximadamente um anos e três meses. Isso porque, desde a estreia do programa Interess@, da rádio Super 91.7 FM, foi tomada a decisão editorial de pôr em debate, sempre às sextas-feiras, pautas de sexo e sexualidade. Como há uma convergência entre os temas tratados pelo vespertino e por este caderno de O TEMPO, a publicação de tais conteúdos passou a ocorrer semanalmente.

Preconceito

Doutor em ciências da comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Renato Gonçalves também está habituado a lidar com as contradições entre as barulhentas demonstrações de ojeriza e o expressivo interesse por conteúdos sexuais. 

“Eu faço pesquisas em torno do tema da pornografia. Então, por estar inserido em debates sobre esse universo, já percebi que a simples divulgação de estudos sobre conteúdo adulto é, geralmente, recebida com mal-estar – inclusive no meio acadêmico”, garante, ponderando que esse desconforto aparentemente desaparece na hora de consumir material pornográfico.

“No Brasil, em 2019, o XVideos foi o quinto site com maior número de acessos, atrás apenas de páginas como o Google, o Facebook e o YouTube”, aponta. “Com essa robustez e presença, não dá para negligenciar e fingir que esse é um assunto menor, como querem fazer crer o críticos a pesquisas e reportagens sobre esse universo”, critica.

Na avaliação de Gonçalves, as manifestações hostis, que parecem desejar calar esses debates, podem, em alguns casos, revelar uma tentativa de autorrepressão.

“As pautas sobre a questão LGBT são um bom exemplo. É muito comum ver pessoas irritadas com o surgimento de mais letrinhas no movimento. Alguns chegam a dizer que algumas dessas orientações sexuais e identidades de gênero não existem. Para essas pessoas, esse horizonte aberto, esse olhar para uma sexualidade entendida como múltipla e fluida, ameaça certezas. Então, se antes tudo parecia muito simples, agora parece complicado. E esse enigma, à medida que é posto abertamente, vai gerar angústia nesses sujeitos – principalmente para aqueles que preferiam não ter que pensar sobre isso por medo de verem ali representações do que enxergam como seus próprios demônios”, analisa.

“Não pode retirar dessa equação a dificuldade que todos nós temos de lidar com o diferente. Nesse sentido, falar em sexualidade causa revolta justamente por estarmos falando em singularidade. Uma singularidade que se opõe à tentativa de enquadrar os sujeitos em uma norma – no caso, a hetero e cisnormatividade”, acrescenta o psicanalista João Víctor de Pádua Azevedo.

À flor da pele

Para ilustrar o intrigante fenômeno que revela um descompasso entre a frequência de comentários hostis e o fluxo de leitura, analisamos as reações a duas matérias – uma amostragem pequena, mas que resume bem o padrão de comportamento observado ao longo desses um ano e três meses. 

Uma dessas reportagens discutia a prática do pegging, em que, em relações heterossexuais, o homem é penetrado pela parceira. A outra falava sobre a demissexualidade, que é, a grosso modo, uma manifestação do desejo em que, necessariamente, laços afetivos, emocionais e/ou intelectuais precisam ser estabelecidos para que, só depois, ocorra o despertar do interesse sexual – que pode simplesmente não acontecer.

Ambas matérias ficaram entre as mais lidas no dia de sua publicação, mesmo disputando espaços com outras notícias que geraram grande mobilização. Para se ter ideia, a primeira foi veiculada quando as atenções estavam voltadas para o depoimento dos irmãos Miranda na CPI da Pandemia, no Senado Federal, e para a caçada de Lázaro Barbosa, suspeito de ter matado quatro pessoas da mesma família em Ceilândia, no Distrito Federal. Já a segunda, coincidiu com as repercussões das prisões de Roberto Jefferson, presidente do PTB, e da ex-deputada Flordelis.

Somadas, as duas publicações analisadas geraram cerca de 700 comentários no Facebook. A esmagadora maioria das interações, pouco mais de 90% do total, demonstrava algum nível de irritação dos leitores, que, na maior parte das vezes, indicava posicionamento conservador. Contudo, também foi possível perceber inconformidade entre pessoas que se apresentam como progressistas. Os dois grupos adotavam maneiras distintas para externar sua oposição à veiculação das reportagens.

De um lado, os mais conservadores geralmente demonstravam receio de que o simples fato de falar desses assuntos fosse suficiente para ameaçar a ordem social, desestruturar famílias e dissolver valores – alguns chegando a flertar com teorias conspiratórias. De outro, os críticos progressistas frequentemente diziam que aqueles eram temas menores, e que, portanto, não mereciam tanta atenção.

Enxame

Citando um conceito elaborado pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, o pesquisador Renato Gonçalves acredita que alguns temas em especial despertam, nas redes sociais, um comportamento de “enxame de opinião”.

“Nas mídias digitais incorporaram a lógica do imediatismo e da necessidade de respostas rápidas. Se algo me estimulou, preciso responder àquilo de pronto. É um cenário que encoraja muitas pessoas a se posicionarem de maneira irrefletida. Nesse movimento de manada, o sujeito deixa de elaborar uma opinião sobre aquele assunto e simplesmente opta por seguir a maioria”, comenta.

Engajamento

Mas, embora o volume de críticas pareça grande e a forma exaltada como muitas delas são manifestadas possa assustar, estamos falando de algo ínfimo se comparado ao alcance dessas reportagens. Apesar dos quase 700 comentários hostis, esses conteúdos somam, até o momento, mais de 50 mil visualizações.

“Esse fenômeno mostra duas forças agindo simultaneamente, como em um cabo de guerra”, observa o psicólogo e psicanalista João Víctor de Pádua Azevedo. “Temos a natural curiosidade por esse tema, que é tabu há milênios e, por ser cercado de mistério, gera certa ansiedade por respostas. E temos também uma força contrária, que demonstra que, apesar dos avanços recentes de pautas progressistas, há um esforço de se manter o tabu sobre o sexo e a sexualidade, como se falar sobre isso fosse levar a desintegração da ordem social”, avalia.

Xinga, mas lê

Ironicamente, não deixa de chamar a atenção que parte desses fiéis leitores são justamente as mesmas pessoas que, publicamente, demonstram indignação com veiculação desses conteúdos. É como se essas pessoas estivessem dos dois lados desse “cabo de guerra”. Caso de Vinícius, de 32 anos, que será apresentado aqui apenas pelo prenome.

Questionado sobre a razão de ter feito um comentário hostil em uma publicação, na qual atacava este repórter, o estudante de engenharia se explicou: “Eu considero que essas coisas que são abordadas – questão da pessoa ser gay, trans, LGBT, ou essa aí, demissexual, que eu nunca tinha nem ouvido falar – não acrescenta em nada, sabe? As pessoas podem dizer que é porque eu não sou gay, não sou trans e não vivo isso... Mas acho que é uma ‘forçação de barra’”, disse. 

Na sequência, Vinicius demonstrou intimidade com a leitura desses conteúdos que ele próprio julga desnecessários. “Eu citei o nome do Alex Bessa (sic) – sei lá se é esse o nome dele, não o conheço, não o acompanho e não tenho nada contra ele – por seguir o jornal O TEMPO no Facebook. Como as matérias aparecem no meu feed de notícias, eu sempre vejo que ele escreve matérias relacionadas a essa área (da sexualidade). E acho que tem tanta coisa mais importante para se falar…”, completou, informando que é evangélico e que, politicamente, se vê mais à direita.

Vale lembrar: este repórter escreve sobre os mais diversos temas ao longo da semana, tratando de pautas de comportamento, ciência, saúde e cultura, reservando-se a discutir a temática do sexo e da sexualidade apenas nas sextas-feiras.

Conflito interno

“A respeito dessas pessoas que procuram esses conteúdos para ler e também para criticar, enxergo pistas de um embate que acontece, principalmente após o século XX, entre a concepção de sexualidade para a religião e a concepção de sexualidade para a psicologia e, principalmente, para a psicanálise”, reflete João Víctor de Pádua Azevedo.

Ele situa que, para a religião, o sexo costuma ser apresentado como algo que deve ter por fim a reprodução. “Tudo o que foge disso será considerado um desvio, uma anormalidade e um pecado – e esse entendimento ainda está muito arraigado em nossa cultura”, diz. 

Ao mesmo tempo, ainda que busquem conservar esse entendimento, é natural que essas pessoas sintam curiosidade diante de um debate cada vez mais aberto sobre essa temática. “Após as publicações de Sigmund Freud, no final do século XIX e início do século XX, passamos a conviver com a emergência de um discurso que estabelece que a sexualidade é plural e que a diversidade não constitui uma anormalidade”, contextualiza, sinalizando que muitos se percebem nessa encruzilhada de visões, sem saber que postura adotar.

Mini-entrevista

Regina Navarro Lins, Psicanalista e escritora, é autora do livro “Novas Formas de Amar”, em que questiona preconceitos e discute as possibilidades do amor no contemporâneo.

1. Geralmente, as reportagens com a temática da sexualidade ou do sexo reverberam em reações antagônicas: ao mesmo tempo que atraem comentários de pessoas que se sentiram, de alguma maneira, ofendidas, também ficam entre as mais lidas. O que pode estar por trás de tanto furor causado ao se falar sobre o corpo e sobre o encontro dos corpos?

Há 2 mil anos, desde que o cristianismo se instalou no Ocidente, o sexo passou a ser visto como algo sujo, feio, perigoso, algo abominável. Tanto é que foi criada uma ideia de danação eterna. Qualquer pensamento sexual, qualquer desejo, a pessoa estaria condenada à danação eterna. Entre o século III e o século V, surgiu um fenômeno chamado "fuga para o deserto" onde milhares de homens e mulheres foram para o deserto do Egito massacrar o corpo para se libertar do risco da danação eterna por terem pensamentos sexuais. 

Bom, essa repressão foi muito forte e começou a mudar só a partir da criação da pílula anticoncepcional nos anos 60. Mas a mudança de mentalidade é lenta e gradual. Hoje, estamos no meio de um processo de profunda mudança de mentalidade, ou seja, uma profunda mudança na forma de perceber o amor e o sexo. Algo que começou nos anos 60, a partir da pílula, que possibilitou os movimentos de contracultura, o movimento hippie, o movimento feminista, o movimento gay e toda a revolução sexual. 

Por isso, atualmente, muita gente não acredita mais que o sexo seja uma coisa abominável, mas, no inconsciente, os antigos temores, os antigos preconceitos continuam presentes, de forma que muitos sofrem com suas fantasias, seus desejos, preconceitos, medos, culpas e frustrações.

Só para dar um exemplo, mesmo hoje, as crianças, desde muito cedo, aprendem a considerar o sexo feio, sujo e perigoso. Afinal, todo xingamento está ligado ao sexo. Diante desse cenário, fica difícil que as pessoas cresçam desenvolvendo a percepção do sexo como algo que é algo bom e desejável – ainda que, evidente, todos tenham que tomar cuidado com a gravidez não planejada e com as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Além disso, como estamos em meio a uma transição entre os antigos valores e os novos valores, vamos encontrar pessoas que já se libertaram desses padrões e pessoas ainda presas a comportamentos conservadores. Para esses últimos, o novo assusta e o desconhecido gera insegurança. Nesse contexto, ao mesmo tempo em que o medo e a culpa são muito presentes, a temática de sexo atrai, pois os desejos sexuais são universais.

2. Qual a importância de, apesar do furor, se falar, se escrever e se ler conteúdos sobre sexo e sexualidade?

Sexo é uma grande fonte de prazer. E, se é algo que pode dar tanto prazer, porque tanta gente fica tentando reprimir os desejos dos outros e de si mesmos? De maneira geral, podemos dizer que, na nossa cultura judaico-cristã, o prazer não é visto com bons olhos. A virtude está no sofrimento. 

Mas, por outro lado, existem vários estudos em países ocidentais que demonstram que o sexo frequente pode, inclusive, evitar uma série de problemas de saúde, como a pressão alta, complicações cardiovasculares e até cânceres. Por essa lógica, ao privar as pessoas do sexo (e de conhecimentos sobre o sexo), estamos privando elas mais do que de prazer: a atividade sexual faz tão bem à saúde que estamos diante de um caso de saúde pública.

or isso é fundamental continuar falando desses temas. Sem dúvida, essa mudança de mentalidade em curso vai evitar, no futuro, muito sofrimento e muitas disfunções sexuais ocasionadas pela repressão da sexualidade.

Fonte: O TEMPO

link: encurtador.com.br/iknKW

Outubro Rosa LGBT+: invisibilidade é barreira na prevenção

15 DE OUTUBRO DE 2021 - 12:29

Rafaela Leite - Ascom

SPS - Texto

Drawlio Joca - Fotos

No mês de conscientização sobre o câncer de mama, preconceito, invisibilidade e desconhecimento ainda são barreiras para prevenção de certos grupos. É o caso dos homens e mulheres transgêneros, que mesmo com corpos, trajetórias e dificuldades diversas, encontram esses percalços em comum.Na caminhada pela prevenção, as posições são desiguais e os espaços para representatividade, quase nulos. “É como se a gente não estivesse incluído naquilo, porque nas propagandas só vemos mulheres cis”, explica a técnica em enfermagem e mulher trans, Tuanny Avilla, 23. “Eu nunca vi aquela questão da diversidade: a trans também deve se cuidar, fazer mamografia”.

“É de suma importância trabalhar a campanha do Outubro Rosa de forma inclusiva, atendendo às especificidades da população trans, que também precisa fazer o autoexame de mama, exames preventivos e buscar atendimento médico precoce, caso algum nódulo seja encontrado”, destaca a secretária-executiva de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Lia Gomes.

A orientadora da célula de Programa e Projetos da coordenadoria LGBT da SPS, Samilla Aires, ressalta a dificuldade de pesquisas e publicações científicas sobre a incidência de câncer de mama em pessoas trans. “Existe um distanciamento dos profissionais e de campanhas sobre as práticas de prevenção de câncer de mama em pessoas trans, quando deveriam ter essa observância pois é uma população que administra hormônios e muitas vezes anabolizantes”, explica Samilla. “E o uso das próteses mamárias, no caso das mulheres trans, as impossibilitam de sensibilidade no autoexame”, conclui.

A questão da representatividade é observada também por mulheres cis. Drielly Holanda tem 25 anos, é mulher negra e assistente social do Centro Estadual de Referência LGBT+. Além de destacar a importância das campanhas de prevenção, chama atenção para os direcionamentos das pautas. “Como mulher cis vejo bastante representatividade, porém ainda faltam outros corpos para serem vistos e postos nos meios midiáticos”, pondera.

Ela também acredita que as campanhas precisam ser mais assertivas. “Vejo muitas pessoas ‘celebrarem’ o outubro rosa como se fosse o mês das mulheres, esquecendo o real sentido da prevenção. Precisamos avançar mais nesse sentido de nos afastarmos da ideia do mercado de apenas vender blusas rosas, mas sobretudo proporcionar o acesso ao direito de fazer os exames necessários, ter um acompanhamento com profissionais da saúde e proporcionar o acesso à informação de forma correta”.

Mas o acesso não é igual para todes. É o que afirma o agente de segurança privada, homem trans e membro fundador da Casa Transformar (ONG de acolhimento para pessoas LGBTQIAP+ em situação de vulnerabilidade social e exclusão familiar), Kauê Conrado, 27.

Ele ressalta as dificuldades que homens trans enfrentam para ter acesso à saúde e fazer exames periódicos, e explica que uma consulta simples pode se tornar um momento de constrangimento. “Geralmente você não tem o seu nome social respeitado na hora de fazer sua ficha. Não existe uma certa privacidade e tudo isso faz um homem trans desistir até mesmo das consultas”, conta Kauê.

Tais situações são geradas não só por preconceito, mas muitas vezes, por falta de informação dos profissionais da saúde. “Nem os próprios médicos estão preparados para nos receber. Por isso que o risco de doença é bem maior, por todas essas barreiras que a gente tem que passar para poder chegar a ser atendido de uma forma digna”.

A médica ginecologista e assessora técnica da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), Débora Britto, destaca algumas características de um tratamento humanizado. “Acho que um primeiro aspecto que precisa ser considerado é o direito de acesso à saúde. Compreender que a população trans tem os mesmos direitos e que não é necessário ser um especialista em transgeneridade e transexualidade para acolher e cuidar de uma pessoa trans”, observa.

Débora, que também é colaboradora no ambulatório Sertrans, explicita outros pontos. “Atender pelo nome social, estar disponível para oferecer um momento de conforto e acolhimento no atendimento são pontos iniciais muito importantes”, reflete. “Existem especificidades na atenção, sobretudo relacionadas aos processos de afirmação de gênero e desse segmento. Mas em geral, muitas pessoas trans evitam buscar atendimento até para cuidados básicos de saúde por medo da discriminação e do preconceito”.

Fonte: Governo do Cearé

Link:  https://www.ceara.gov.br/2021/10/15/outubro-rosa-lgbt-invisibilidade-e-barreira-na-prevencao/

 

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