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Saúde do sexo lésbico e os tabus ao seu redor

Assim como qualquer outra pessoa, mulheres lésbicas também estão expostas a doenças sexuais e precisam tomar muito cuidado para que não tenham sua saúde afetada

PUBLICADO EM 08/10/2021 16:46 POR BIANCA ALEIXO

Muito se escuta falar a respeito dos cuidados que devem ser tomados durante uma relação sexual entre homem e mulher, e até mesmo na relação entre dois homens, porém, muitos acham que não existem perigos quando o assunto é o sexo lésbico.

A relação sexual lésbica é um assunto pouco abordado, tanto pela sociedade quanto pelos órgãos públicos de saúde, que possuem o dever de informar a população a respeito das prevenções e cuidados que são precisos na hora do sexo. Seja para pessoas hétero ou homossexuais, é preciso que o conhecimento seja transmitido a todos de maneiras iguais, esse fator faz com que os profissionais não estejam preparados para atender pacientes que fazem parte deste grupo do social. A falta de acesso a informações reais e de qualidade a respeito do tema, acaba gerando diversos problemas à saúde, não somente física, mas também psicológica, de mulheres que se relacionam com outras mulheres.

Acontece que, assim como qualquer outra pessoa, mulheres lésbicas também estão expostas a doenças sexuais e precisam tomar muito cuidado para que não tenham sua saúde afetada. Mas, como se prevenir e tomar as cautelas necessárias, sem informações e especialistas que possam orientar de forma correta a respeito do assunto?

Falta de ferramentas para proteção

De acordo com o Ministério da Saúde, existem mais de 150 tipos de vírus HPV, sendo que cerca de 40 desses vírus podem causar infecções na região intima, podendo gerar cânceres de colo de útero, vulva e vagina. Uma pesquisa feita com 150 mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo, produzida pela Public Health, mostra que cerca de 71 delas contraíram algum tipo de infecção sexualmente transmissíveis (IST), 45% delas foram contaminadas pelo vírus HPV.

Além do HPV, existem diversos outros problemas de saúde que podem ser transmitidos através do sexo, como herpes, sífilis, clamídia e gonorreia, essas infecções podem ser prevenidas com o uso de preservativos. No entanto, são poucas as ferramentas de proteção existentes para o sexo feminino, e os preservativos voltados para o uso de mulheres não protegem totalmente as mucosas femininas, abrindo uma brecha para que a saúde seja afetada.

Geralmente os preservativos são voltados aos homens, com o pensamento de que se eles se protegem, automaticamente seus parceiros e parceiras também estarão protegidos. Entretanto, tal pensamento deixa invisibilizado o fato de que existem outros tipos de relações, causando a ilusão de que nelas não exista nenhum tipo de risco, como é o caso da relação sexual entre mulheres, que acabam não tendo muitas opções para se proteger.

Suporte profissional

Ao falarmos do despreparo profissional, é importante lembrar que os estudos e ensinamentos a respeito da saúde sexual, em sua grande maioria, foram desde sempre voltados a heteronormatividade. Devido ao ensinamento focado nessa questão, muitos profissionais não sabem como agir ao terem que atender uma paciente lésbica e por assim ser, não conseguem dar a devida atenção a ela.

Muitas dessas mulheres deixam de ir ao médico por não se sentirem acolhidas e compreendidas, com isso passam a acreditar que estão melhores sem ir a uma consulta. Algumas até mesmo deixam de procurar um médico por medo de serem julgadas e sofrerem preconceito devido a sua orientação sexual.

Mudanças Necessárias

Há muitos fatores que podem prejudicar a saúde no sexo lésbico, por isso é preciso que algumas mudanças sejam feitas, para que as pessoas passem a ter consciência da importância em torno deste tema. Muitas dessas mudanças dependem dos órgãos públicos de saúde, como alterações na forma de ensinamento dada aos profissionais da área, para que possam ser aptos a atender a necessidade de todas e de todos, focando na saúde em si e não em um gênero específico.

O desenvolvimento de outras ferramentas para a proteção é de extrema importância, ao ter mais opções de prevenção é provável que a taxa de problemas de saúde relacionados à relação sexual, diminua. O acesso a informações de qualidade é indispensável para que as pessoas saibam o que fazer e a quem recorrer caso tenham alguma dificuldade em relação ao assunto.

Prevenção

Apesar de muitas vezes ir ao médico parecer algo assustador, é preciso manter uma rotina de cuidados e prevenções, sempre que possível realize exames para saber como está a sua saúde. O auto cuidado é o primeiro passo para conseguir manter uma vida saudável, por isso, não tenha medo, o acesso à saúde é um direito de todos, procure um médico com o qual se sinta confortável para fazer um acompanhamento.

Ao ter relações sexuais, busque sempre se proteger da melhor forma possível e tenha a certeza de que a pessoa com a qual está se relacionando também está protegida. Sexo saudável não depende apenas de uma das partes envolvidas, por isso é importante que ambas mantenham os cuidados necessários.

 

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