Exclusivo: “O Talibã está caçando e executando as pessoas LGBT”, denuncia ativista gay afegão
Em entrevista à Fórum, Artemis Akbari afirma que os membros do Talibã mentem à comunidade Internacional quando dizem que mudaram e que “respeitam os direitos humanos”
Por Marcelo Hailer 8 out 2021 - 10:30
Em agosto deste ano, após a saída do exército dos EUA do Afeganistão, o Talibã, em um prazo de quinze dias retomou o poder total no Afeganistão quando, no dia de 16 agosto ocupou o salão presidencial de Cabul, capital afegã.
Inspirados por uma interpretação radical da Sharia, o Talibã se move por uma ideologia teocrática que exclui mulheres da vida social e pune com a morte as pessoas LGBT.
Todavia, os olhares da imprensa, nacional e internacional, se focaram nos jornalistas estrangeiros que estavam no Afeganistão e com o futuro das mulheres, visto que o país voltaria a viver sob um regime teocrático e misógino.
Mas, nada foi dito sobre o futuro da comunidade LGBT sob o domínio de um governo Talibã.
Motivados pela ausência dessa questão, iniciamos uma pesquisa e, entre agosto e setembro fizemos contato com Artemis Akbari, afegão e gay que hoje vive na condição de refugiado na Turquia.
A história de Artemis pode ser contada na perspectiva fronteiriça e de fuga dos regimes islâmicos que, historicamente perseguem e punem com a morte as pessoas LGBT: nascido no Irã e fruto de uma família que fugiu do Afeganistão em 1986, por conta da primeira guerra promovida pelo Talibã, anos mais tarde, Artemis teve, também, que sair do território iraniano, pois, assim como no Afeganistão, a homossexualidade é um crime e um pecado nefando
Vivendo na Turquia, Artemis Akbari se juntou com outras pessoas LGBT do Afeganistão e do Irã e hoje fazem militância a partir da Radio Ranginkaman, ferramenta que utilizam para fazer contato com as pessoas LGBT afegãs e iranianas, bem como ajudá-las com dinheiro e a deixar os seus respectivos países.
Quando perguntamos sobre as declarações de líderes do Talibã sore terem mudado e que atualmente “respeitam os direitos humanos”, Artemis foi enfático e afirmou que eles estão mentindo. “Recentemente, um jurista do Talibã deu uma entrevista para um emissora alemã e nessa entrevista ele declarou que existem duas punições para os relacionamentos homossexuais: apedrejamento até a morte ou derrubar um muro em cima da pessoa”, declarou o ativista afegão.
Fórum – Gostaria que você falasse um pouco sobre você e o trabalho que está fazendoArtemis Akbari – Meu nome é Artemis Akbari, eu tenho 24 anos e sou um homem gay. Eu nasci no Irã, os meus pais, há 25 anos, fugiram do Afeganistão por causa da guerra com o Talibã e foram para o Irã, onde eu nasci.Nós éramos refugiados lá, mas a sociedade do Irã e do Afeganistão são as mesmas: ambas são religiosas, ambas são homofóbicas e ambas acreditam no Islã.
No Islã a homossexualidade é um pecado e a punição por lei é a morte.
EU passei por muitas violências por conta da minha orientação sexual, no Irã eles tentaram mudar a minha a orientação sexual, eles tentaram me curar até eu me decidir sair do Irã para viver uma vida livre de violência por causa da minha sexualidade.
Eu vim para a Turquia e aqui eu cadastrei como refugiado e vivo aqui há 4 anos. Na Turquia há muitas comunidades LGBT do Afeganistão e do Irã e eles também vivem como refugiados e eu olhei para eles e vi que tínhamos muitas coisas em comum. Eles também sofreram muita violência, abuso e assédio por causa da orientação sexual.
Diante disso pensei comigo e decidi fazer alguma coisa pela comunidade LGBT afegã e comecei a fazer o meu trabalho na rádio Andrew Cum que é voltada para afegãos e iranianos da comunidade LGBT.
Continue lendo a matéria em: https://revistaforum.com.br/noticias/taliba-executando-lgbt/
Fonte: Revista Fórum